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de volta às ruas
 

Nós somos os que escrevem nos muros as verdades que os jornais escondem.
Os que não acreditam nas mentiras repetidas na televisão.
Nós somos a parte da democracia que não se faz por votos, porque seus eleitos não nos representam.
Somos os que se movimentam em direção às injustiças, para enfrentá-las.
Somos os que se mobilizam por direitos coletivos e são criminalizados por interesses privados.
Os que não desistem de lutar por um mundo diverso e solidário.
Somos os que têm fome de brincar nas praças, sede de andar nas ruas.
Nós somos os que sobem nas árvores que não se deve cortar.

Nós somos os lutadores sociais a quem o Estado processa para tentar acabar com a nossa resistência aos seus desmandos.
Os que a mídia hegemônica chama de vagabundos.
Somos os explorados que se levantam e se insurgem.
Os que exigem que o espaço público seja público.
Nós, os jovens de todas as idades.

Nós somos os que morreram em frente à TV e renasceram no meio das ruas.
Os que o sistema quer reprimir, somos mal exemplo por desafiar os que se pensam donos da cidade.
Somos os que desistiram de ter medo da polícia, porque sabemos que quem deveria ser preso são justamente estes que mandam nos bater.
Nós somos o incômodo, a pedra no sapato dos reacionários.
Somos os que defendem publicamente a alegria, os que tornam o largo vivo, os que ocupam as árvores para que se possa respirar.

Nós somos os que estão cansados de pagar aos empresários do transporte público pela nossa própria exploração.
Somos os que esperam caminhar pelos parques sem pedir licença para as marcas que financiam seus partidos.
Nós somos os novos perseguidos pelo governo, os manifestantes cerceados e espancados pela polícia.
Somos os que soltam o braço no ar, enquanto entoam sonhos de mudança.
Somos os que mantêm a espinha ereta diante da mídia que tenta nos curvar e nos calunia.
Somos os que fazem renascer a esperança nos que aplaudem das janelas nossa rebeldia.
Nós, os que ardem de amor pela vida. Os que cantam, dançam, os que riem.

Nós somos os que de olhos abertos acordaram, e os que adormecem após a coerência da noite de luta.
Somos os que vieram quebrar tua vidraça pra te acordar.
Os que vêm bater a sua porta que também é nossa, se você ocupa um prédio do povo.
Nós somos os moradores da periferia despejados de suas próprias casas.
Somos os negros, as mulheres, os gays, as crianças, os índios, somos palestinas em todos os lugares, os palestinos de todas as nações.

Nós, que não aceitamos mais o jogo político que nos oprime.
Que não somos ouvidos na construção das regras e das leis que nos prejudicam.
Somos os que resistem em se tornar reféns de políticas que não construímos e com as quais não concordamos.
Nós somos aquelas e aqueles que muitos já não reconhecem, porque se apagaram com a doença da obediência, e pensam através da mídia que os aliena e os domina.
Mas somos as suas filhas, os seus netos, os seus irmãos e irmãs, somos sua mãe e seu pai, sua amiga, seu colega, sua prima, seu tio, seu companheiro.

Nós somos quem desafia a violência do Estado com a poesia da ação.
Os que regam as plantas nas rachaduras do concreto.
Os que andam de pé no chão para sentir a terra e a grama.
Os que amanhecem com a lua no peito e anoitecem com o sol nos olhos.
Nós somos as que se beijam sob a chuva, os que se abraçam enquanto caminham, os que se dão as mãos.

Somos os que enfrentam cassetetes, bombas de gás e armas de fogo com mãos, pés, vozes, pedras e tintas.
Somos os que quando erram quebram vidraças, portas e carros, enquanto vocês quebram ossos, corpos e almas.

Somos os que valorizam as pessoas em detrimento das coisas.
Somos quem espera que as ruas sejam também para pedestres e ciclistas, porque não sabemos e não queremos viver como automóveis. Somos centenas celebrando a vida, ocupando sobre a avenida a vaga de poucos carros.
Nós somos os que não perderam a voz, os que ousam gritar, os que reivindicam, que contestam, os que denunciam e não se acomodam, os que se movem, os que se movimentam. Os que choram de indignação, os que sangram enquanto protestam.

Nós, que nos permitimos ter asas.

Nós, que agora sabemos da nossa força de novo, e que temos tantas causas justas e urgentes pelas quais lutar.
Nós somos o povo, de volta, nas ruas.

visão do Largo Glênio Peres

O LARGO É DO POVO! VAMOS OCUPAR DE NOVO!
Largo Glênio Peres – dia 22/05 – quarta-feira

5h – OCUPAÇÃO do LarGo e mOnTagem da GEODÉSICA
6:30 – DANÇA CircuLar com Maxwell Lobato
7h – CaFé da Manhã Coletivo e COMPARTILHADO – MontAgem das BANCAS
7:30 – RÁDIO Poste da fEstA da BIodIVerSiDadE
8h – Oficina de PINTURA de FaiXas com Levante Popular da Juventude
8h – Oficina de PinTura de CAMISETAS com Marina Bassanesi
8:30 – Oficina “Soltar a VOZ e Abrir o CorAção” com Marcos de Castilhos
9h – Oficina de BATUCADA com Levante Popular da Juventude

9:30 – Roda CulTural RastAfari – Luciano Judah fala sobre a Cultura Rastafari, suas Vertentes, Vivência e Afrocentricidade.

9:30 – OfICina de BioPoética – LiteRatUra e SusTentAbilidade – Antônio Kzao
10h – Ensaio ABERTO da PercusSão do Programa Mais Educação – CMEB Maria Lygia, Esteio.
10:30 – Oficina de AGROECOLOGIA Urbana e Mostra de Frutas NAtivas. UVAIA e Viveiros Comunitários UFRGS
11h – Palestra sobre Bebida Medicinal ROOTSWINE – com Hon. Profeta Fernando Jardim
11h – EcoLivro – Construção de Livro com Poesias da Oficina de Biopoética
11:30 – 13h – O LARGO é do POVO! Fala Aberta com os COLETIVOS
13h – Ensaio Aberto de BONECOS Mamulengos e Roda de ConVersa sobre Teatro PoPular do NordEste com Leandro Silva, Projeto Fuzuê – PontO de CulTurA Quilombo do Sopapo
14h – Dialogando com a Amiga PANC: Biodiversidade no PrAto – Bióloga Claudine Abreu
14:30 – Roda de ConVersa com o Congresso Negro Internacional Etíope Africano. Ordem Boboashanty Rastafari
15h – Oficina de ResiDências Artísticas em TerritóRioS QuILOMBoLAS com Nádia Prestes – PonTo de CuluRa QuiloMbo do SoPapo.
15:30 – Oficina de Travessia de FaUnA Silvestre – P. Macacos Urbanos
16h – “Futebol Nossa Paixão: pra falar de política, futebol e religião” da Cambada de TEATRO em Ação Direta Levanta Favela
16:30 – Oficina “RelâmpaGo” de STENCIL com Grafiteiro Lf Trampo
17h – SaMBa de Roda – Mestre Renato Malta
17h – Roda de CaPoEIRA Abert@ a Tod@s
17:30 – Apresentação das Pirâmides InteGral BamBU por Filippo Cauac
18h – TrIBuNal PoPuLar: A CIDADE é do POVO!
19:30 – FestErê da BIodIVerSIdAde com DJ KafU, NegrArte
20h – EsQueTe da OfiCina de Teatro em AçÃo DIRETA da Cambada Levanta Favela
20:30 – Show com as BANDAS: Semente do Mato, Zamba Bem, La ForA, Sintomas Clã, Besouros, e Orquestra de Mulheres.
00:00 – BaTUcada LIVRE

Assembléia dos de baixo

O laRgo é dO pOvo

BIOdiveRsidadE

BIOdiveRsidadE

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LeVe sUa caNeca e paRtiCipe!

 

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Teatro de rua, futebol, política e religião na criação coletiva do Levanta Favela. Futebol nossa Paixão é uma peça que se propõe a discutir as conseqüências que um megaevento do porte da Copa do Mundo de Futebol pode trazer para o povo. Um evento que já está desalojando populações e que, durante sua realização, implantará um temido estado de exceção no território brasileiro.

levaNta faveLa na BIOdiveRSidade

Na encenação, torcedores sacrificam-se pelo único prazer de ver o Brasil ser campeão com seus próprios olhos. A luta entre burgueses e os favelados, o povo brasileiro contra a Federação Internacional de Futebol. Tudo em praça pública.
Outras atividades acontecem ao logo da tarde e início da noite.
Vem pra cá!

São cerca de 40 coletivos que organizam essa feSta e muitos outros que participam, propondo atividades ou simplesmente comparecendo no Largo.

É uma feSta para comemorar a LUta. As diversas lutas protagonizadas por movimentos sociais, coletivos, comunidades, que se reúnem uma vez por ano para convergir pautas, estreitar laços e dialogar com a população da capital. É também um espaço de denúncia do capital e dos governos, que há alguns anos vem escorraçando a população dos espaços púbicos.

Em Porto Alegre temos sentido na pele a privatização dos espaços públicos, que é apenas uma das facetas estratégicas do capitalismo. No centro da cidade, essa reclamação ecoa! Começou com o Gasômetro, que foi “adotado” pela gatorade (by coca-cola company), que fez das bancas outdoors, impondo suas propagandas, ao mesmo tempo em que a Prefeitura passou a permitir o acesso dos carros à Orla, que também ali roubam o lugar das pessoas e da cultura pública. Na pracinha do gasômetro está sendo construído um estacionamento, afinal para quê espaço para a sociabilidade? Mas não somos carros! A associação de moradores tem tentado transformar esse plano, mas a suspeita é que seja tarde demais. Estacionamentos virou mania da Prefeitura, que tem transformado vários espaços ocupados pela população em estacionamento, como no caso do antigo camelódromo.

Seguindo pela Rua da Praia, logo chegamos ao Largo Glênio Peres, que foi privatizado por uma Parceria Público e Privado (as PPPs) firmadas entre a Prefeitura e a Coca-Cola (de novo!). Por acaso, depois dessa “adoção” do Largo, se fez uma lei para proibir o seu uso. Nesse ano, mais uma vez, quase tivemos a proibição da feSta da BIOdiveRSidade. Muitas feiras como da Economia Solidária e do Pêssego foram proibidas no Largo, que agora vai ganhar mais um chafariz, que afinal é bem melhor do que qualquer manifestação política ou cultural. O grupo de teatro de Rua Levanta Favela conta da dificuldade que tem enfrentado para realizar suas peças pelas ruas da capital gaúcha, que muito se orgulha de sua forte veia artística. Teatro só pras elites e de preferência que não promova muita reflexão sobre a realidade e, por favor, que não fale de política e cultura, ainda mais no período da Copa do Mundo e de eleições. O espaço do Largo foi apropriado pela FIFA para a Fanfest, que será o ÚNICO local da cidade autorizado a transmitir os jogos da copa de 2014, ou seja, se você curtia ver seu jogo de futebol no boteco com seus amigos, se ferrou… na Copa ou é na FAnfest ou verá os resultados das partidas nos jornais!

Coca-cola faz marqueting usando o espaço público

Dali até a Redenção, um belíssimo parque, que a prefeitura tem dedicado esforços para precarizar, validando a ideia de que o que é publico não funciona, sendo eficiente só a iniciativa privada, na velha tentativa do Estado Mínimo. Afinal, se fica mal cuidado, se justifica a necessidade da parceria privada, que viria arrumar o que a própria prefeitura estragou. E lá venderam para a Pepsi (que também é cola!) que além da publicidade, não passaram sequer uma vassoura. Eles não irão descansar enquanto não cercarem aquilo tudo, para poder cobrar uma entrada, que vai nos proporcionar, na melhor das hipóteses, o mesmo parque que temos hoje, mas aí com grades e com receita (que vai pro bolso de alguém). Assim também aconteceu com o Araújo Viana, que fica dentro da Redenção, que depois de um projeto mal sucedido que demandou uma reforma e mais custos, foi “adotado” e será gerenciado pela Coca-Cola (mais uma vez!) e como não poderia faltar, fizeram ali mais um estacionamento…

Assim todas as feiras, que foram conquista dos agricultores e consumidores da capital, foram sem explicação apropriadas pela Maggi e Gatorade, conhecidas pelo fomento da alimentação industrializada, comprometendo a saúde da população com coquetéis químicos, que desconhecemos suas reações em longo prazo e com a ajuda da criminalização da produção da agroindústria familiar, através da vigilância sanitária e padrões internacionais que homogenizam as formas de produção, e que nada tem a ver com agroecologia ou agricultura familiar.

E o Largo Zumbi dos Palmares? Espaço aberto propício para a realização de grandes eventos ou atividades como a capoeira e a roda de samba. Mas grupos de Capoeira têm relatado uma série de situações onde a polícia militar aborda os capoeiristas, verifica a ficha corrida das pessoas, constrangendo-as, alegando que aquele espaço não é para fazer barulho. Essa prática era realizada no surgimento da capoeira, buscando a criminalização dos escravos. Será mera coincidência?

E então chegamos à zona rural de Porto Alegre, onde áreas produtivas estão sendo transformadas em condomínios de luxo, vendidos com o rótulo de “verdes”, alterando completamente a paisagem em áreas de até quatro milhões de metros quadrados. Isso força a saída dos pequenos agricultores, que não tem como competir com a exorbitância do valor da terra, produzido pela especulação imobiliária. Isso também afeta as poucas áreas de ambiente natural, ricas em biodiversidade e nascentes, ainda presentes em uma capital.

Também pode ser coincidência o “cala-boca cidade baixa” que tem sido promovido pela prefeitura, exatamente no mesmo momento em que se discute a privatização da Orla do Guaíba. Existem relatos de estabelecimentos que foram autuados por não terem alvará (que não tem sido liberado há muitos anos pela prefeitura) e que receberam uma proposta de se transferirem para a orla, nesse caso recebendo o tão batalhado alvará, mas tendo que se comprometer a vender o ponto e não retornar a cidade baixa pelos próximos dez anos. Aí, podemos ver a lógica do livre mercado, que livra os seus compadres e ferra com a maioria. A privatização da Orla contou com a desculpa da Copa do Mundo, que além de faturar com estádios, irá vender casas com as melhores vistas para gente rica, doar extensas áreas públicas para a iniciativa privada e remover milhares de famílias de seus bairros de origem. Ter que tirar os moradores, que vivem lá há trinta, quarenta anos ou muito mais. Mas gente pobre não tem direito. E afinal quem tem direito? O que é direito? E para quem? E afinal, a cidade é para quem?

Essas são apenas algumas histórias. Existem muitas outras que ainda não foram contadas. Venha contar a sua hoje, no Glênio Peres… Afinal, onde aperta o seu sapato?

Estamos no largo! venha para cá!

VeNHA pArA O lARGO!!!